Camila Madeira
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Alternativas sustentáveis

29 julho 2021 / By camilamadeira / Impresso

 

Métodos reutilizáveis são opções para substituir absorventes tradicionais descartáveis

 

Presente na vida das mulheres, da adolescência até a chegada da menopausa, os absorventes ainda representam um tabu na sociedade, pois algumas mulheres possuem dificuldades em conhecer ou lidar com o próprio corpo e com sua sexualidade. Por serem descartáveis, os absorventes são um gasto considerável se calculado o uso ao longo de uma vida e representam uma grande quantidade de lixo produzido diariamente. O impacto ambiental é ainda maior devido ao plástico presente em sua composição. Há alguns anos, alternativas sustentáveis e econômicas têm ganhado o mercado e, por diferentes motivos, as mulheres têm aderido.

 

Saúde da mulher

Considerando o ciclo menstrual regular, com duração de cinco dias de fluxo, uma mulher gasta, em média, cerca de 20 absorventes por mês, de acordo com a ginecologista Dra. Carolina Mendes. Os absorventes tradicionais – externo e interno – são feitos de algodão comum ou sintético e plástico, e demoram cerca de 100 anos para se decompor. Para além do impacto ambiental gerado, existem também fatores de risco à saúde da mulher. A médica explica que algumas substâncias químicas presentes nos absorventes externos, como, por exempo, inibidores de odor, podem ser prejudiciais a saúde. “Essas substâncias podem mudar o pH da vagina. Em contato com o sangue ou com o algodão com sangue, é um meio de proliferação de fungos e bactérias”, explica. Ela alerta para a importância de trocar o absorvente a cada 4 horas, observada a quantidade de fluxo da mulher.

 

Síndrome do Choque Tóxico

A mesma recomendação se aplica ao uso do absorvente interno. Ele, por sua vez, pode ficar no corpo da mulher por até 6 horas, dependendo também da quantidade do fluxo menstrual. De acordo com a médica, o uso prolongado de um único absorvente oferece sérios riscos. Isso porque o acúmulo de sangue menstrual dentro da vagina, por muitas horas, pode originar a proliferação de bactérias e causar a Síndrome do Choque Tóxico. Essa não é a única causa da síndrome. Pode ocorrer, por exemplo, em mulheres diabéticas com alguma proliferação bacteriana ou que fizeram alguma cirurgia. “A paciente apresenta febre, queda de pressão, alteração nos exames de sangue, vermelhidão, calor ou abscesso local e até uma infecção generalizada. O tratamento é feito com antibióticos e, geralmente, a paciente tem que ser internada”, explica.

 

Alternativas sustentáveis

Diante do impacto ambiental, dos riscos à saúde da mulher e, até mesmo da questão econômica, alternativas sustentáveis, como por exemplo, a calcinha absorvente, o absorvente ecológico e os coletores menstruais, têm sido aderidos pelas mulheres. Alessandra Cougias era alérgica ao absorvente externo e, por isso, passou a usar o interno. Há cerca de cinco anos, aderiu o coletor menstrual motivada pela proposta ecológica, de diminuir a produção de lixo, e por não ter alergia. “A adaptação foi um pouco difícil porque eu não sabia qual modelo escolher e até pela dificuldade de conhecer o próprio corpo”, conta. Ela chegou a pensar em abandoná-lo, mas em contato com outras mulheres que também usavam, descobriu outro modelo com o qual se adaptou.

 

Coletor menstrual

O coletor menstrual, conhecido popularmente como copinho, é feito de silicone cirúrgico e dura de 5 a 10 anos, de acordo com Dra. Carolina. Recomenda-se o esvaziamento a cada 6 ou até 12 horas, de acordo com o fluxo menstrual da mulher. “A cada esvaziamento, ele deve ser lavado com água e sabão e, a cada ciclo, esterilizado em água fervente”, explica. Pode ser comprado pela internet e as marcas e preços são variados. A médica acredita que os coletor se apresenta como bom substituto dos absorventes tradicionais. “Acho que está sendo uma das melhores alternativas, já que não altera o pH da vagina, que não tem contato com o algodão e que, de certa forma, é uma coleta de sangue mais higiênica, se bem manipulado, além de melhorar bastante o impacto ambiental”, reitera.

 

Adaptação individual

A médica ressalta que cada mulher tem um perfil e a adaptação aos absorventes ou outras alternativas depende de como é o seu dia a dia e quais são suas necessidades. Ela recomenda uma consulta com um ginecologista para tirar dúvidas, saber qual deve ser a melhor opção, principalmente, para as adolescentes na menarca (primeira menstruação). Alessandra relata que a dificuldade encontrada com o coletor foi passar muito tempo na rua, sem acesso a banheiros com lavabo interno, o que dificulta a higienização. “Com a rotina da faculdade, fico mais de 12 horas fora de casa e, sem acesso a um banheiro confortável, com uma pia interna. Por isso, acabo utilizando o absorvente interno junto com um protetor diário”, conta. Nessas ocasiões, ela também utiliza absorvente ecológico, que funciona e tem o mesmo formato que o absorvente externo e é reutilizável porque é feito de pano.

 

Matéria publicada no Jornal A Banqueta de Notícias, em novembro de 2019

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